Por: João Montsserrat - Estado de Minas
A iminente disseminação dos fárois de xenônio deve se tornar, se não for condizente com as leis que regulamentam os sistemas de iluminação, mais um episódio da constante "guerra de faróis" - quando veículos em sentidos opostos, com faróis desregulados ou altos, atrapalham a visão dos outros motoristas, aumentando o risco de acidentes -, que persiste nas estradas brasileiras e contribui significativamente para as elevadas estatísticas de mortes no trânsito.
As vantagens em relação aos faróis halógenos credenciam o uso dos faróis de xenônio: luminosidade próxima à da luz do sol, geração de iluminação maior com menor consumo de energia - uma lâmpada de xenônio de 35w, por exemplo, ilumina três vezes mais do que uma de halogênio de 55w -, menor corrente de alimentação, cerca de 3,5 ampères, frente a 10 a 15 ampères dos faróis convencionais, e durabilidade de cerca de 3 mil horas sob condições normais, o que representa quase quatro vezes mais do que as lâmpadas de halogênio. Os kits de xenônio têm luzes de outras cores, além da branca, que não são permitidas pela legislação.
A lâmpada de xenônio tem melhor luminosidade em relação às halógenas, o que não significa que seja mais forte. A lei estabelece que veículos com corrente elétrica de 12 volts podem utilizar lâmpadas de 40 a 60 watts de potência, e, nos de 24 volts, as lâmpadas podem ter até 75 watts. A legislação exige que farol com essa luz tem que ser equipado com regulagem automática de altura do facho e lavador para evitar ofuscar motoristas de outros carros, o que deve ser cumprido à risca para veículos novos e usados. Sendo assim, são considerados irregulares os veículos com farol de xenônio, mas sem regulagem de altura de facho e lavador de farol.
Citroën/Divulgação - 10/06/08
A regulagem automática é uma aliada importante e obrigatória do sistema de iluminação de xenônio. Por essa tecnologia, a altura do facho do farol é corrigida automaticamente. "Dois sensores ligados à barra estabilizadora medem a altura da carroceria em relação ao solo. Já o calculador, localizado no farol esquerdo, deduz a inclinação do veículo, corrigindo a altura do fluxo e inclinando, para mais ou menos, o suporte da lâmpada. A regulagem da direção depende do ângulo do volante, do engate da ré, da velocidade do veículo, etc. O sistema tem estratégia de segurança em caso de defeito - o fluxo é voltado para posição baixa e reta", segundo a engenharia da Citroën do Brasil.
Se comparado com os tipos de regulagem manual - realizada por meio do ajuste no farol - e elétrica - trazem, normalmente, algumas posições de facho de luz em comando instalado no painel do veículo, que devem ser selecionados levando-se em conta o número de ocupantes e o volume de carga no veículo -, a vantagen é ainda maior, pois, diferentemente destas, não é necessário o ajuste e correção da altura e direção do facho do farol manualmente.
Obrigatório
Segundo Marcus Vinicius Aguiar, da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), as leis que regulamentam a obrigatoriedade da regulagem automática de altura do facho do farol de sistemas de iluminação de xenônio são válidas para veículos que já saem de fábrica com o equipamento e para quem deseja instalar o kit em seu automóvel. "Todo veículo original com farol descarga de gás deve ter a regulagem automática e lavador do farol. Tal prerrogativa também é obrigatória no mercado de reposição. A regulamentação para sistemas de iluminação, seja a Resolução 682/88, seja a recente Resolução 227/07, vale tanto para sistemas originais como para quaisquer sistemas a serem instalados nos veículos, devendo ser observadas as indicações sobre instalação - posição -, bem como requisitos de potência, fotometria e colorimetria. Não há nenhuma exceção na regulamentação para substituições", explica.
Aguiar diz ainda que existem outras restrições para alguns sistemas de faróis que devem ser observadas antes da substituição. "O conjunto do farol é projetado para funcionar com determinado tipo de lâmpada. A utilização com potência superior, bem como com a sua posição em relação à parábola distinta da original, pode acarretar ofuscamento", afirma.
CSV
Segundo o Denatran, a substituição do sistema de iluminação original do veículo deve ainda ser informada à autoridade responsável e passar por inspeção para que seja permitida em conformidade com a lei brasileira. "O interessado deve solicitar a autorização prévia da autoridade responsável pelo registro e licenciamento do veículo (Detran). Após a modificação, o veículo deverá passar por inspeção técnica veicular, caso seja aprovado, receberá certificado de segurança veicular (CSV), que deverá ser entregue ao Detran, como forma de comprovar que a modificação atende à legislação brasileira. O órgão de trânsito incluirá essa informação no CRLV do veículo", finaliza. Os carros que não respeitam as exigências da lei podem ser apreendidos em blitz de trânsito.