sexta-feira

Analisando um Tigra

A fórmula ideal de um esportivo combina um carro rápido e esperto nas curvas a um design exclusivo, mais uma mecânica que pode ser reparada em qualquer oficina e com um importante toque final: o preço baixo. E se tem um usado que se aproxima dessa receita é o Tigra. Importado pela GM em 1998, o modelo deixou de ser vendido no ano seguinte por ser muito caro. Mas hoje ele pode ser comprado por cerca de 20 000 reais, bom preço para um automóvel que empolga qualquer um que experimente algumas voltas (leia texto no alto).
Há no mercado duas versões, diferenciadas apenas pelo país de origem. O Tigra alemão trazia alguns itens a mais, como duplo airbag e ABS. Porém a ausência desses equipamentos no modelo espanhol não faz com que exista diferença de preço entre eles. Na verdade, o que conta mesmo é o estado do veículo. O que chama atenção é o interior da primeira geração do Corsa, grande ajuda quando se precisa de peça de reposição. E o mesmo vale para sua mecânica, que herdou a maioria das peças do Corsa comum ou da versão GSi. O motor é um econômico 1.6 16V de 106 cv, o mesmo do GSi. Ao comprar itens mecânicos, evite as concessionárias, que vão cobrar mais caro por peças que às vezes são iguais às do Corsa. Com isso, um jogo de pastilhas na autorizada sai por 1 207 reais, mas no mercado paralelo ele custa 80 reais.
Cuidado, porém, com a empolgação. Nem tudo é perfeito nesse Tigra. A começar pela oferta reduzida - foram importadas só 2 652 unidades. Mas isso nem é o pior. É justamente na parte externa que mora o perigo: o preço dos componentes estéticos, exclusivos do carro. O vidro traseiro, por exemplo, custa absurdos 7 659 reais na autorizada. O farol, simples e sem lâmpada, custa 3 196 reais - é quase o preço de um farol de BMW 2005, duplo e com xenônio. Outra má notícia é que não há peça paralela para ele. Um alento é que todas as peças caras estão na carroceria e são bem visíveis. É só abrir o olho na hora da compra.
Fuja da roubada Não compre carros com vidros, lanternas e faróis quebrados, pois são detalhes que em geral exigem a troca da peça. Tudo bem se houver trincas no pára-choque e amassados na lataria, fáceis de reparar
A voz do dono "Tenho meu Tigra há dois anos e nunca tive problemas com ele. Com manutenção, basta usar as peças do Corsa GSi, pois são as mesmas. O maior defeito desse carro está na obtenção dos componentes da carroceria e estética, pois não há paralelo e o preço nas concessionárias é muito alto. De resto, posso dizer que o design ainda é bastante atraente, além de o carro andar bem e ser econômico. Estou satisfeito com ele." Alexandre Martins de Araújo, 27 anos, vendedor, São Paulo (SP) O que eu adoro "Acho as linhas atraentes, ele é robusto e econômico e nunca me deixou na mão. Deixo a manutenção de rotina na mão de um mecânico de confiança. Sai bem mais barato." Gerson Parecido Silva,30 anos, contador, São Paulo (SP)
O que eu odeio "Logo no primeiro mês dei uma encostada na frente e os problemas começaram. Não há peças e, quando disponíveis, são caríssimas e ninguém me explica o porquê disso." Arnaldo Faria Mendes Júnior,29 anos, comerciante, Curitiba (PR)
Nós dissemos Junho de 1998
"Ao girar a chave e engatar a primeira marcha, começa a diversão. O carro pula para a frente feito um felino, fazendo jus ao nome. Em 10,5 segundos, atinge os 100 km/h. (...) A partir dessa velocidade, o ronco do motor começa a tomar conta da cabine, aumentando a sensação de estar ao volante de um carro com "sangue" esportivo. Na hora de fazer uma curva o motorista vai encontrar segurança. Isso porque o Tigra tem, como convém a um esportivo, suspensão mais dura, que evita a inclinação da carroceria e mantém o carro "grudado" no asfalto. Vale lembrar, no entanto, que os engenheiros tomaram a precaução de não deixá-lo muito rente ao chão, evitando assim que raspe o fundo ao passar por lombadas. Outro aspecto favorável ao Tigra é a economia de combustível: é capaz de rodar na estrada por mais de 600 quilômetros com um tanque, igualando seu consumo ao de um Corsa 1.0."
Preço dos usados (em média) Tigra 1.6 1998 - 19.800 1999 - 20.700 Fonte: FIPE
Preço das peças - Original
Amortecedor dianteiro (cada) - 1 081
Pastilha (jogo dianteiro) - 1 207
Farol dianteiro - 3 196
Espelho retrovisor - 1 034
Vidro da tampa traseira - 7 659
Preço das peças - Paralelo
Amortecedor dianteiro (cada) - 154
Pastilha (jogo dianteiro) - 80
Farol dianteiro - -
Espelho retrovisor - -
Vidro de tampa traseira - -
Onde o bicho pega Tampa traseira Além de fonte de vibrações e ruídos, também pode se tornar um ponto de infiltração de água. É bom checar antes se o assentamento e a vedação dessa tampa estão em ordem. Na dúvida, uma passagem pelo lava-rápido resolve.
Correia dentada Essa peça precisa ser inspecionada com cuidado, pois em caso de rompimento o estrago é grande - e caro. A menos que você tenha certeza de que foi substituída há pouco tempo, o melhor é não correr riscos e providenciar a troca da peça assim que comprar o veículo. A correia custa em média 196 reais.
Trambulador Com o tempo ele se desgasta e torna o engate de marchas mais difícil. Um test-drive antes da compra ajuda a detectar facilmente o problema.
Suspensão dianteira Não se esqueça de verificar as buchas e batentes da suspensão dianteira, pois essa é uma das maiores causas de ruído do Tigra.
* Reportagem publicada na edição de janeiro de 2007 da revista QUATRO RODAS