- Carro parado não é sinônimo de economia. Ao contrário, deixar o veículo sem uso por muito tempo pode acarretar problemas em diversos componentes e, consequentemente, grandes despesas. Freios, óleo, bateria, embreagem e até o combustível costumam ter a sua qualidade comprometida se o período sem uso for muito extenso. Nessa situação, algumas precauções são importantes para manter a vida útil do veículo. A maioria dos problemas graves só começam a surgir depois de cerca de um mês com o veículo parado - mas esse período pode ser até menor, caso o carro fique exposto à umidade, por exemplo. "A partir daí, a situação entra na lista como uso severo do carro", aponta Alfredo Guedes Junior, supervisor de relações públicas da Honda. O principal problema, nesse caso, é a bateria, que, se não estiver com carga máxima, poderá ficar sem energia. Portanto, desligar os cabos da bateria antes de um longo período de inatividade preserva a integridade do sistema elétrico. Também é recomendável não utilizar o freio de estacionamento e colocar calços nas rodas para evitar que o carro se mova. O acionamento do freio de mão por muito tempo pode levar ao empenamento das sapatas. Além disso, a umidade de lugares como garagens e estacionamentos cobertos, pode fazer as lonas de freio "colarem" no tambor e deixar o carro travado. O engate das marchas também não é a solução ideal. "Se o carro for automático, melhor deixar em P. Se for manual, o ideal é engatar a marcha a ré", completa Alfredo Guedes. A partir de seis meses de carro parado, os cuidados devem ser maiores. "O recomendado é que se bote um peso no pedal para deixar a embreagem acionada. Caso contrário, o disco pode colar no platô", indica Reinaldo Muratori, diretor de engenharia e planejamento da Mitsubishi. O combustível também é afetado após muito tempo de armazenamento. A gasolina e o etanol perdem as suas propriedades detonantes e podem comprometer a alimentação na hora da ignição. No caso do diesel, o cenário fica ainda pior, já que é um combustível que apodrece. Nesse caso, é bom tirar todo o conteúdo do tanque antes do período de inatividade. O próprio reservatório de combustível pode apresentar problemas. Se o material usado for alumínio, as partes que não ficam em contato com o líquido tendem a oxidar. Depois do período sem uso, uma limpeza no bico da injeção eletrônica também é recomendável para retirar os resíduos do combustível envelhecido. Os pneus também merecem cuidado. Como o ar vai escapar ao longo do tempo, os pneus irão murchar e terão muita área de contato com o solo. "O ideal é o encher com uma pressão acima do especificado. Assim, a forma do pneu vai ser preservada quando for recalibrado" explica o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat.
Alerta
Fluidos tendem a endurecer e apodrecer dentro do veículo
- Se o motorista não for usar o seu veículo por mais de um ano, a situação fica ainda mais crítica. Todos os fluidos internos do motor e do resto do carro tendem a endurecer e apodrecer. “Caso isso aconteça, fica muito difícil depois retirar esses líquidos para substituí-los”, revela Carlos Henrique Ferreira. Antes de uma inatividade tão grande, é aconselhável retirar todos os fluídos do carro. Inclusive água do sistema de arrefecimento e fluido da embreagem, apesar de serem componentes que dificilmente estragam. Na hora de se preparar para deixar o carro parado por muito tempo, o local onde ele vai ficar também é de grande importância. As garagens cobertas e arejadas são as melhores, pois protegem das atividades do clima. No Brasil, o problema ainda é maior. “A umidade do ar é muito grande. Isso pode levar a problemas na pintura ou acelerar o processe de ferrugem”, aponta José Loureiro, gerente executivo de engenharia da Volkswagen. Para maior proteção da pintura, uma capa de material poroso ajuda contra os mofos e manchas. Animais também podem danificar o carro na inatividade. Os ratos são os maiores inimigos, pois podem roer chicotes elétricos, mangueiras e fios. O ângulo do chão em que o carro está estacionado também pode influir. Os fluídos internos pode ficar muito espessos e bloquear algumas passagens.
Por: RODRIGO MACHADO Auto Press
Publicado no Jornal OTEMPO em 01/09/2010